
Duas semanas, quatro dias, oito horas, quarenta e três minutos e 39 segundos. Esse era o período recorde que Amália havia conseguido ficar sem usar fraldas, o que significava que todas as vezes que ela precisava ir ao banheiro fazer *wee wee*, ela me pedia pra leva-la até lá. Nada mais justo que sair sem usar fraldas, pois com dois aninhos e meio, ela já era quase uma mocinha.
Fazia muito frio e mesmo assim Amália decidiu que queria *encontrar Nemo*, ao contrário do que vocês devem imaginar nós não estávamos indo ao cinema, mas sim ao Aquário de Londres pra ver os peixinhos, não precisa dizer que pra ela todos os peixinhos tinham o singelo nome de Nemo.
Pegamos o ônibus pra Victoria já que o Aquário ficava ali pertinho, em Westminster. Tínhamos uma sacola com tudo que iríamos precisar: maçã, chocolate, suco, lenços... Mas não contávamos com um pequeno grande e mais que obvio detalhe, não estávamos (eu não estava) levando nenhuma roupa extra, nenhuma fralda e é claro que só por causa disso, Amália resolveu, digamos que batizar o ônibus.
Quando percebi o problema já estávamos quase em Victoria depois de um congestionamento enorme. Chovia muito e Amália estava com muito frio e eu desesperada, além de (perdoem o trocadilho) desesperadamente com frio. Eu juro que queria arrumar um jeito de falar sobre isso *lindamente*, mas é difícil transformar xixi em poesia numa hora dessas, por outro lado pra transformar Bia em picolé não custava, e eu não pensei duas vezes antes de tirar o meu casaco e coloca-lo em volta de Amália. Naquele momento de desespero total lembrei dos meus amigos Tadeu e Lisa que tinham um bebê, Teddy e que tomavam conta de um pub ali mesmo em Victoria. O terror invadiu os meus pensamentos, pois na minha cabeça não era certo levar uma criança de menos de três anos de idade pra um ambiente onde serviam bebidas alcoólicas e onde as pessoas fumavam feito chaminé. Como a outra opção possível era pneumonia, resolvi ir até lá e fazer o que tinha que ser feito, encarar o Pub e explicar a situação pra mãe de Amália mais tarde.
A viagem de três minutos da estação até o pub pareceu uma eternidade.Tadeu não estava e Lisa é que estava trabalhando naquela tarde. Assim que ela nos viu, nos levou ao flat deles que ficava em cima do pub, colocou as roupas de Amália pra secar e fez chocolate quente pra nós duas. Amália e Teddy se deram muito bem e ficaram brincando até quase 6 horas da tarde, enquanto eu respirava aliviada depois do susto.
A partir desse dia nunca mais deixei de carregar uma mochila com todos os itens necessários e desnecessários, pra qualquer lugar que nós fossemos.
E Nemo? Ainda não o encontramos, mas quem sabe na próxima...
Crônica de Ana Beatriz Gondim
Foto: Filme procurando Nemo/Disney
Um comentário:
Criança é mesmo uma surpresa né? A gente nunca sabe o que vão aprontar!
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