terça-feira, 23 de outubro de 2007

O Lado Negro da Maternidade

Quem nunca viu a mãe entrando no banheiro feminino do shopping, acompanhada pelo filho? É uma cena tão comum, que mesmo ainda levando Rafael ao banheiro feminino, aos 7 anos, ninguém se incomoda. Mas no dia em que eu tive que entrar no banheiro masculino, tudo mudou de figura.

Em uma noite de domingo, após o clássico cinema, seguido de lanche, estávamos caminhando para a saída, quando ouço Rafael, na época com 3 anos, dizer: “Mamãe, quero fazer cocô. E tem que ser agora!”. E, convenhamos, se toda mãe pudesse controlar, faria os filhos só precisarem usar o banheiro de casa.

Chegando na frente da porta do banheiro feminino, nos deparamos com uma placa: “INTERDITADO”. Ainda sugeri que fôssemos até o outro banheiro, mas fica no outro extremo do shopping e Rafael logo me alertou que não conseguiria continuar limpo durante todo o trajeto. Como não tinha alternativa (nem fralda descartável ou cueca limpa para trocar), resolvi invadir o banheiro masculino. Abri a porta, perguntei umas três vezes se tinha alguém lá dentro e, como ninguém respondeu, entramos. Para garantir que nenhum homem apareceria enquanto estávamos lá, Marina, que estava nos acompanhando, ficou na porta.

Enquanto Rafael dava conta de suas necessidades fisiológicas, eu não sabia se ria ou se chorava. Primeiro foram os pedreiros que estavam trabalhando na ampliação do shopping, que me viram lá dentro e começaram a gritar “Tem mulher no banheiro masculino!”, “Ô, fulano, avisa à administração!” e “Moça, não pode entrar aí, viu?”. Até que um deles teve a brilhante idéia de me perguntar o que eu estava fazendo lá e, após eu dar a resposta, me senti brincando de telefone sem fio, já que eles começaram novamente a gritar: “Ela está acompanhando o filho”, “Ah, tem uma criança também, é?” e “Mas o banheiro feminino não está interditado?”. Resumindo: ninguém se entendia e eu não podia apressar Rafael, apesar de nunca ter torcido tanto para que ele resolvesse rápido aquele assunto.

Pouco depois do papo com os pedreiros, entram no banheiro o administrador e um segurança do shopping, dizendo terem estranhado a menina parada na porta, barrando todos os homens. Eles entenderam a situação prontamente e até levaram com bom-humor, afirmando que Marina estava fazendo um ótimo trabalho como segurança e podia até pedir um emprego lá, se estivesse interessada.

Quando, enfim, Rafael terminou a sua “obra”, saímos de lá nos despedindo dos pedreiros. E na volta para casa, Marina ainda revelou que aproveitou a situação para paquerar um dos carinhas que ela tinha barrado na porta do banheiro.

E que a força esteja conosco!



Texto: Sílvia Ribeiro Dantas

Figuras: retiradas da internet

2 comentários:

Anônimo disse...

Hahaha, dei boas risadas com esse texto! Otimo!
Sabe que aqui no Japao temos algumas facilidades, como mini-assento, cadeira acoplada a parede pra colocar o bb enquanto a mae usa o banheiro e tals. E se o banheiro feminino estiver interditado, ainda podemos usar o destinado a pessoas que se locomovem em cadeira-de-rodas que tambem tem trocador e tem em todas as lojas de departamentos e supermercados. O masculino soh em ultimo caso mesmo e por enquanto, nao tivemos que fazer uso, ainda bem! Do jeito que os japoneses ficam na deles, soh ia dar eu aqui, me justificando em bom tom, como uma boa brasileira que sou, hehehe!
Beijins
Fla e cia

Mme. S. disse...

Cara, mais uma lição para ficar nos anais da compreensão de uma tia e madrinha doida para ser mãe...
Adorei essa história. E, qualquer hora dessas que a gente for num lugar bem bacana, cheio de gatinhos, tenho uma sugestão: você leva o Rafael e eu, mui prestativa, levarei ele ao banheiro. Masculino, que fique claro.
um cheiro.