Dando início, ela fala do seu nascimento como mãe e um pouco sobre participar do Grupo MAAT.
Oi, sou a Flávia, paulistana, casada com o japonês Terumasa, desde Novembro de 2001. Trabalhava como analista de logística em uma firma de comércio exterior no Brasil e larguei tudo pra viver ao lado da pessoa que fez meu coração bater mais forte.
Resolvi engravidar no final de 2003, digo no singular porque maridon queria um bebê “pra ontem”, mas demorei um tempo para me sentir segura para encarar uma gravidez aqui no Japão. Antes, não dominava a língua, não conseguia entender os costumes, enfim, não me sentia confortável para tal "empreendimento". Primeiro precisei lidar com um turbilhão de sentimentos negativos, que não me permitiam criar vínculo com o lugar. Depois de começar a me adaptar ao modo de viver e estar trabalhando como professora assistente de estudos sobre genética e câncer da universidade local foi que me senti preparada para a gravidez. Mal sabia que não estava pronta para a maternidade, coisa nenhuma!
A primeira tentativa não teve sucesso, o feto não se desenvolveu. Senti-me péssima, me achando incapaz até de gerar um filho, mas passados quatro meses da cirurgia, consegui engravidar novamente e finalmente um serzinho começou a crescer no meu ventre, me enchendo de alegria e, por que não, de esperanças por um futuro melhor preenchido?
A gestação seguia maravilhosa, com o filhote (um menino, o que ainda é muito valorizado nessa sociedade paternalista) se desenvolvendo muito bem, até que na 34ª semana de gestação a bolsa se rompeu. Como as clinicas japonesas, de modo geral, só fazem partos vaginais, e são aptas apenas a fazer partos com bebês a partir de
Era a primeira vez em que nevava naquele 23 de Dezembro de 2004 e senti que era um pressagio de que tudo sairia bem. O Caio nasceu com apenas
Durante todo esse tempo, eu levava leite materno todos os dias e podia passar varias horas na UTI, precisando ir embora quando começasse a escurecer. Como o filhote passava o dia e a noite toda no hospital, eu não sabia o que era rotina, nem sobre as necessidades de sono e tudo o mais, além de não ter idéia do que me esperava quando ele tivesse alta. Para piorar, não sabia como dar de mamar, já que ele tomava o meu leite na mamadeira, e nas vezes que eu ia amamentar, levava um bico de silicone pra adaptar ao mamilo, que não estava formado por falta do estimulo da sucção.
Finalmente, Caio teve alta depois de quase um mês de nascido e levamos aquele ser minúsculo pra casa dos meus sogros, onde passamos quase dois meses, já que ainda estava me recuperando do parto e trabalhando. Na época, achava que os bebês dormiam o tempo todo, acordando apenas pra mamar e sem perceber, o meu filhote tinha uma espécie de rotina, porque levávamos ele pra sala assim que acordávamos, dava de mamar (demorei quase 3 meses pra finalmente aprender a dar de mamar sem usar o adaptador de silicone), brincava com ele e a sogra dava banho sempre no mesmo horário.
Quando voltamos para a nossa casa, tive que me virar de repente, cozinhando, cuidando da casa, lavando, passando, enfim, tudo que já fazia antes, mas sem o Caio! Senti-me perdida, não conseguia organizar a casa nem cuidar direito do meu tesouro que começou a trocar o dia pela noite.
Pouco antes dessa época, ao pedir ajuda para conseguir amamentar, em uma comunidade do Orkut, a Catarina (que também está no MAAT) me indicou o Grupo Virtual de Amamentação (outra comunidade do site). Indo ao perfil da Catarina pra agradecer, me deparei pela primeira vez com a comunidade Soluções Para Noites sem Choro. O grupo MAAT foi criado a partir do vínculo de amizade que cresceu aos poucos entre participantes da Soluções e que o orkut e o msn não conseguiam mais dar conta. No grupo, podemos chorar as pitangas, dar risadas e sofrer juntas, como verdadeiras amigas que somos, não só no âmbito virtual.
Sei que aprendi e ainda estou aprendendo a ser mãe aos poucos. Muitas vezes quero sumir, mas ao ver o meu pequeno sorrindo, volto à realidade e percebo o quão sou feliz. Muito, mas muito, feliz.
Beijins.
Flá e cia.
2 comentários:
Hahah, adorei a periodicidade indefinida!
Ateh a nossa mudanca vou tentar escrever, agora, se sumir de vez, vejam o noticiario pra ver se nao houve um terremoto! Se nao tiver noticia assim, significa que estou sem a minha querida net devido a mudanca, mas pode deixar que aviso antes!
Preciso emagrecer 300 kgs pra poder sair melhor nas fotos, vixe!
Beijocas
Fla e Caiozi (maridon ainda em viagem, snif)
Olá Flávia! Vai ser gostoso ler a respeito de suas aventuras como mamãe do outro lado do mundo !! Bem vinda!
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